7.5.14

[depois dos anos em que saí de férias]: o ano em que eu


[dez/2013]

esse foi o ano em que eu.

comprei meu primeiro colchão. em que voltei a viver com malas.
em que deixei coisas pra trás. em que trouxe sentimentos comigo.
que voltei a sentir saudades.
o ano em que vivi mais junto e mais separado, com metade de mim pra lá.
o ano em que passei a amar mais ainda os pernambucanos, e ter a certeza de que as relações especiais surgem e duram, que os colegas e chefes se tornam grandes amigos.


o ano em que aprendi a pintar meu olho. e o poder da maquiagem.
que eu compartilhei a vida com alguém, mais especial do mundo. 
que venci a batalha dos tapetes. 
o ano em que eu pintei minhas unhas do pé de vermelho pela primeira (e única) vez. e comprei um batom vermelho, que não sei usar.
em que eu engoli sapo, que tentei entender as criticas, que aceitei.

o ano em que eu comecei a desejar “saúde”no aniversario das pessoas, de coração. 
que entendi por que dizem “boa viagem” principalmente antes de entrar num avião. 
o ano em que tive medos. que tenho medo. de perder, de sumir. de repente não acho mais que tudo seja o agora. tanto já foi, e há muito por vir. 
o ano em que eu aprendi a usar sapatilhas. e as xingo muito. 
que não reconheço meu perfil nas fotos. que entendi que a ausência de proteína prejudica a formação de músculos.

o ano em entendi que criança é presença. que avós são convivência e histórias. 
em que passei a tentar escolher quais discussões comprar, mas ainda assim sou uma péssima investidora. 
aprendi o por que de se planejar uma conversa, traçar cenários e elaborar diálogos. 
um ano de cervejas boas, de amizades-arvore e amizades-
semente.

o ano em que me livrei de medos. que soube que tudo vai dar certo. e que meus pais não são infalíveis. que esforço e conquista não são parentes. 

o ano em que entendi o trajeto da musica, do coração, me emocionei muito. 

o ano em que fui recebida na casa de pessoas amadas. que contei com o outro. que respirei fundo.


esse foi o ano em que matei a saudades de comida vietnamita. 
que fiz yoga uma vez por mês.
o ano em que mais andei de bicicleta, e ainda assim, tão pouco.
que ganhei uma massagem incrível de surpresa e presente.
que comprei meu primeiro esmalte.
que busquei apartamentos. que visitei, que aprendi a procurar. que não achei.
o ano em que, inteiro, compartilhei casa, que discuti sobre panelas, louças e cabelos. 
o ano que termino com menos casa, menos coisa, e que me faz falta.

o ano em que cozinhei mais, que me firmei como organizadora.
o ano em que ficou estranho algo que me era tão confortável. 
o ano em que acampamos em ilha deserta, que conheci Olinda, que curtimos carnaval como adolescentes. o ano em que conheci londres, que reencontrei Corinne e Jan, que especiais. 
o ano em que eu passei a decidir voltar 1 dia antes de acabar as férias. e ainda julgo essa pessoa. 
o ano em que me vi mais longe de algumas das meninas do colegio, mas que as amo mais profundamente. o ano em que me apeguei mais e sinto mais falta. um ano de valorizar.

o ano em que não senti patinar por aí, mas andei bem.
e agora quero aproveitar o cedo das manhãs, essa desconhecida pra mim.

9.6.10

um belo horizonte de presente

e qual o sentido de resenhar sobre a trajetória dos pensamentos?
diante do vento que desenha a minha vida,
que basta e preenche, ele mesmo irreal,
que familia linda esse país de mistura, e moqueca e feijão,
trajetos se criam, passos se dão,
quase fora de controle,
e por isso mesmo totalmente dentro do planejado,
tudo isso tão lindo que vem de presente com um abraço.
me cabe. me inquieta.
me desequilibra,
me multiplica.
some-me,
some-o-me.
não é um chão,
é o nosso mar,
nossas águas,
a vida com amor e filmes, e olhos nos olhos,
ficar perto pra ver se uma hora cansa.

21.4.10


não gosto não gosto não gosto quando me limitam a interpretação! artista de merda "não foi isso que eu quis dizer" então não bota no mundo guarda pra você seu poeta mesquinho
acredito na arte livre viva e coletiva
aposto na arte abridora de portas
da mescla da sorte
do audio até sem o visual
do conteúdo e da forma
da imagem e do amor
da verdade e da cria

30.3.10

baratΩ de lua cheia

irreal. irreversível.
e por essa natureza, já a aceito.
o fato é...fato, e o encaro como tal.
aceito minha aparente indiferença de frente.
esmago, ouço o barulho, o dedo da mão na sandália me aproxima do que tenho asco.
é 31 de dezembro e eu nem medo mais tenho.
É de lua.

28.3.10

seleção natural

transbordo no real do equilíbrio.
tenho que selecionar.
- tenho o caramba, que eu nunca mais leia, que ninguém nunca veja, que seja eterno no traço de sua existência, que sejam palavras ao vento. que ele se encarregue. o que fica, o que some, o que se mistura. por que eu tenho mais mundos a criar, e no fim das contas tudo volta pro mesmo lugar, ciclicamente em verdades temporais diferentes,

aquela história de sempre.

21.1.10

moreless assim...

diiiiia. longa estrada. pão com queijo. quelili, chapada, japão. abraços. olhos doces, chimô, pão-com-ovo-polly-com-gabi-e-coca-cola. sem relógio, desde então.

quero captar o barulho do vento. ter espaço, na vida, na mochila, à vista, a longo prazo, no cartão da memória, fotos mentais, o dourado da luz, o verde conecta, sete comigo ainda. preciso de água. tem sol demais pros meus olhos e de menos pra minha mente.
o foco do olho, lente, menos virgulas, mais ponto, menos dissertação, mais decisão. mas penso em crônicas, analógicamente digitais: o filme? os pensamentos pulam e de certa forma se desenham através de mim e do aparato em palavras. e disparo com limitada calma e capacidade de compreensão. é um estranho não descontrole tão livre que as vezes descompassa. às vezes produz, às vezes, só(r)ri. 2 do 3 me impressiona. sorrisos, abraços, loiros os olhares, morenas as costas, corda com câmeras, sem palavras, com gramas. e jogo no mundo,

penso de trás pra frente.

vejo fotos em frestas e em pedaços de pele com areia.
paz e sorrisos, a brisa leve e as gotas que da folha caem.
da leveza do ar sem nó, sem dó, sem pó, sem pé.
plantar sementes que germinam lindas flores e cores e amores.
e o amplo e o coletivo individual e a troca com certeza.
essa certeza que nem sei se tão bem conheço,
por que ali existe, existo, não pensa, acontece, se projeta, neutro de lispector, espaço lindo, nulodimensionalidade flusseriana, emptyness de krischnamurti.

e do equilíbrio extravaso em sonhos.

22.11.09

em tempos de software livre

lá dentro se discutia democratização da cultura digital.
aceito água. aceito espaço. ar.
um pouco de exclusão social, por favor.
distraída, olhei nos olhos. ardeu.
e fui pra trás da lente de novo.
[e ele me olhava por através de minha caixa preta,
via o meu negativo]
minhas costas escorregaram pela parede. de tijolos. vermelhos.
me sujei. a lágrima embaçou o visor. persisti.
e o marcador do meu mundo codificado emprestado diz: software livre.
[e ele seguiu me olhando por dentro,
como quem entende,
pelo menos melhor do que eu,
que cada um tem seu papel. ou software. ou livro.]