22.11.09

em tempos de software livre

lá dentro se discutia democratização da cultura digital.
aceito água. aceito espaço. ar.
um pouco de exclusão social, por favor.
distraída, olhei nos olhos. ardeu.
e fui pra trás da lente de novo.
[e ele me olhava por através de minha caixa preta,
via o meu negativo]
minhas costas escorregaram pela parede. de tijolos. vermelhos.
me sujei. a lágrima embaçou o visor. persisti.
e o marcador do meu mundo codificado emprestado diz: software livre.
[e ele seguiu me olhando por dentro,
como quem entende,
pelo menos melhor do que eu,
que cada um tem seu papel. ou software. ou livro.]

5.11.09

aquaplanagem

deixa, deixa a cidade entrar.
respira, esse é o ar.
luzes, rio, moscas,
seu ao redor,
concreto,
graffiti. ah, e o pixo.
tem cinza, tem monumento.
monumentos da engenharia.
abre o vidro,
arte da cidade,
deixa a brisa entrar.
a janela fecha sozinha?
todas. pra abrir, é só você dar um toque.
pensa, tem lógica, organização;
aquaplanagem. 
mostra, de moto na chuva não dá certo.
tem jazz, samba nos fundos,
tem água, solta no mundo.
a língua como música,
a foto como instrumento,
a máquina, daquele momento.
cercada de passados,
escritos, fechados,
presentes,
e ocupa espaço, 
de ar de amor de movimento.

amor(es) - vietnã, dezembro/08


e por que gosto do texto justificado, gosto de um bloco, confuso por dentro, desordenado, sem sentido, sem explicação, sem separação, gosto de virgulas, de letra minúscula, de repetição, de riqueza de palavras, de um monte delas, delas. simplesmente, delas. e não gosto de títulos, de começos marcados, previsíveis, de finais, e assim gosto dos filmes, e gosto da desordem, e da lista, e da clareza, tão óbvia, que existe na confusão, como aqui, em hanoi, os olhares, no caos, dizem mais que a poesia, na folha, o seco, mais que a água, e o barulho, bem mais que o silêncio, e quero um livro, e gosto de escrever pras pessoas, cartas, e por que não livros, e o amor… amo o amor, amar a vida, as pessoas, as relações, os momentos, os sorrisos, os beijos, as musicas, os abraços. amar as saudades, amar os sentimentos, amar o coração, amar a existência. amar as possibilidades, ainda não as decisões. amar os passos, os embaraços, os tropeços, amar as letras, melodias, amar imagens, fotografia, mensagens, amar arte, jazz, amar cinemas, amar o ar, amar o verde, amar a cama, amar na cama, na rua, no trilho, no sofá, no corredor, na escada, na moto, na porta, na casa, no chão, tão longe, na praia, no rio, no sono, na pedra, no mar, na barraca, no claro, no escuro, na surpresa, na espera, na imaginação, na areia, na toca, na ilha, no lençol branco, com as mãos, com o toque, olhando a vista, andando na ponte, só com os olhos, na saída do trem, na neve, no quarto entre garrafas, no colchão sem lençol, no frio, com blusa roxa no rosto, com lágrimas nos olhos, olhando a neve pela janela, no deserto, no seco, no desconhecido, na poesia, enquanto durmo, no olhar, na flor, no abraço, no beijo, no momento anterior, no colchão no corredor, acordando, quinto andar, amar a lembrança, do início do amor, do inicio do amar, até a flor, amar no tchau, no elevador, no cabelo, na cama com cheiro, com suor, com gelo, com concha, com acordar, com pastel, e caldo de cana, amar com amigo, com intimidade, na beira, com brincadeira, com risada, com amor, com história, com carinho, com bem estar, com segurança, com realização de conto, de amor antigo, com tranquilidade, com ênfase, com pressa, com calma, com muita calma, com muita pressa, intensidade, com descontrole, com segredo, com abraço, e caixa d'agua, e porta, e pernas, e riscos e arriscos e petiscos e tenho que ir, barbatuques, agora jazz. e a saudade da ginga, amei o olhar, o sorriso, o dançar. e olhei e amei. e sorri e dancei. e o que é o amor se não o momento. a entrega, de inteiro, de completo, de beijo, de abraço, de mãos, de carinho, de passos e compassos, e formas, e cheiros, e sentidos, todos, e o calor e o frio, e tudo, e no meio, porque já. só o agora. lábios. contrastes, cores. suspiros.